Esta cerimónia que se repete todos os anos
já despertou, em muitos portugueses, uma
vontade de ouvir os diversos discursos alguns
e alguns bastante duros, mas feitos por entidades tão
representativas e inteligentes que sabe bem assistir.
Quando assim se fala com toda a autoridade, sente-se
que a DEMOCRACIA está bem viva
A cerimónia de abertura do novo ano judicial houve intervenções de políticos, advogados e juízes. A Justiça esteve ali ao rubro, acutilante, pondo o dedo na ferida e deixando recados importantes à Ministra da tutela, Paula Teixeira da Cruz e logicamente ao Governo.
Primeiro interveniente, o Bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, foi quem abriu "as hostilidades aos Ministério da Justiça" e colocou questões pertinentes que, entre outras, citamos: "não se compreende por que é que os funcionários públicos hão-de ser
mais sacrificados do que os outros setores da população e, sobretudo,
por que é que dentro da função pública há setores que ficam isentos de
algumas medidas de austeridade e outros não" (ver mais em)
Mas também o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha do
Nascimento, foi especialmente critico quanto ao ataque governamental aos
direitos adquiridos dos cidadãios portugueses, sejam eles o corte nas
pensões, como nos subsídios de Natal e de Férias.
Já Pinto Monteiro, Procurador-Geral da República afirmou no seu discurso, nomeadamente, que "o maior problema que a justiça em Portugal atravessa é a ligação entre
política e justiça", desde logo pela tendência em resolver problemas
políticos através de processos judiciais.
A Ministra da Justiça considerou que o novo mapa judiciário não é agressão contra o poder local e explicou pormenorizadamente muitas das alterações que constam da proposta e, ontem à noite, desdobrou-se por televisões a dar entrevistas procurando que tudo ficasse bem claro e frisando que o novo mapa é apenas uma proposta que está aberta à discussão a todos os juízes, advogados, municípios (especialmente a Associação Nacional dos Municípios Portugueses. Voltou a assumir que existe uma justiça para os ricos e outra para os pobres. Não fugiu às perguntas diretas e mostrou-se determinada a tomar as decisões que melhorem a área da Justiça para bem de todos os cidadãos. Mas a Ministra sabe (assumiu-o) que tem havido algumas quintas, mas que, com ela, não resistiriam.
Mas todos sabemos que fazer reformas é assumir ter que enfrentar resistências.. Sempre assim foi e será. Por isso muitas não conseguem ir muito além. Não sei se a Ministra que hoje vi determinada (é uma característica dela), conseguirá fazer tanto como está decidida a fazer. A redução dos tribunais é um exemplo concreto disso. Agora já se diz que a relação dos tribunais indicados são para uma base de trabalho e tudo será debatido com as entidades já aqui indicadas.
Não querendo ser alarmista, não posso deixar de dizer que em tempos de muito frio, o mundo da Justiça esteve (e está) ao rubro. Mas, como muito bem o Presidente da República afirmou: "temos de reconhecê-lo, a forma como os cidadãos encaram o sistema de
justiça não oferece motivos de satisfação" e também "não posso, por isso, deixar de renovar o meu apelo a que se substituam
as controvérsias públicas estéreis entre responsáveis do sistema de
justiça por uma nova cultura adequada às necessidades do presente, de
responsabilidade partilhada e de um consenso construtivo, ao serviço da
cidadania e dos superiores interesses do país"
O chefe de Estado realçou a forma como tem procurado "promover um clima
de apaziguamento e diálogo construtivo" entre os representantes da
justiça e "estimular uma atitude de mútua compreensão e cooperação" que
permita alcançar entendimentos para as reformas necessárias.
Fontes: Jornal i online; RTP1 online; Jornal Económico; SIC
Fontes: Jornal i online; RTP1 online; Jornal Económico; SIC
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