setembro 21, 2011

Desertificação - Esclarecimento sobre artigo editado

DESERTIFICAÇÃO? CADA VEZ MAIS
SOMOS MENOS
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Introdução/esclarecimento

Aproveito esta oportunidade para esclarecer que no Jornal de Oleiros aparece mal colocada um palavra matar freguesias (improvável), talvez concelhos . A frese deveria ter saído assim: matar freguesias, talvez concelhos (improvável). Porém nem  eu nem o Diretor do Jornal somos culpados.
É que em termos de freguesias os três partidos que assinaram o documento com a troika estão de acordo quanto à diminuição de Juntas de Freguesia e ao número de vereadores, sendo que a proposta do PS avança com números de maior expressão do que o PSD. Mas isso é uma questão de conversações e o acordo será alcançado mesmo. Já quanto aos municípios (penso eu) que as coisas são bem mais complicadas e talvez não queiram agora abrir uma guerra mais pesada.Também sabemos que, já existem experiências em Lisboa e Covilhã.
O texto que se segue é o artigo colocado no Jornal, agora actualizado, e      com alguns retoques: 
 Os Censos 2011 aí estão disponíveis para todas as análises, comparações, estatísticas para decisões, números muitas vezes chocantes, outros surpreendentes, mas aí estão eles e a serem já base para imensas abordagens políticas, jornalísticas, programadores, decisores. Quantos somos? Quem somos? Como vivemos? Quais foram os comportamentos, em termos de migração, dos portugueses?
Por falta de espaço neste número limito-me a ser mais um dos que chama a atenção de algumas coisas tendo por base exactamente os números dos Censos. O quadro dos resultados para a zona a que pertencemos e por ela lutamos – Zona do Pinhal Interior Sul – apresenta resultados que todos já esperávamos mas que alguns políticos fingiam não ser assim.
No conjunto dos concelhos só Castelo Branco ganhou habitantes (+325) e Vila de Rei (+95). Idanha-a-Nova é o que perde mais em percentagem (-17,69), mas em número de pessoas é o da Covilhã que mais perde (-2.735 com -5,02%). É claro que, estes números lidos sem a conjugação entre o número de habitantes que tinham e os que agora têm, podem indicar para leituras algo distorcidas. O quadro mais pormenorizado aqui fica, por ordem alfabética:

CONCELHOS
Em 2001
VARIAÇÃO
Em 2011
TOTAL
TOTAL
Belmonte
7 592
-787
-10,37%
6 805
Castelo Branco
55 708
+325
0,58%
56 033
Covilhã
54 505
-2735
-5,02%
51 770
Fundão
31 482
-2310
-7,34%
29 172
Idanha-a-Nova
11 659
-2062
-17,69%
9 597
Oleiros
6 677
-975
-14,60%
5 702
Penamacor
6 658
-1006
-15,11%
5 652
Proença-a-Nova
9 610
-1347
-14,02%
8 263
Sertã
16 720
-793
-4,74%
15 927
Vila de Rei
3 354
+95
2,83%
3 449
Vila Velha de Ródão
4 098
-519
-12,66%
3 579
TOTAL -------------
208 063


195 949

Em dez anos foi isto. Perdemos. Perdemos nós por aqui e perdeu o país porque, nem os fundos que há anos chegaram a Portugal para o seu desenvolvimento não foi aplicado estrategicamente e com visão de futuro. Gastámos muito em festas cerimónias, formação sem nexo, subsídios quase inexplicáveis, criação do sentimento de que a “cunha” continua e continuará e quem não é da cor nos meios mais pequenos é estar do outro lado, as suas ideias não interessam. A preferência pelo partidarismo, o amiguismo, e outros ismos vão sendo a descrença – que os verdadeiros políticos não gostam quem falemos – da nossa democracia.

Já li várias intervenções para o problema da “desertificação” seja combatido. Se unam esforços. Se reúnam génios. Se estudem as soluções para alterar este ritmo avassalador. Mas… na agenda política não entrará nos próximos tempos este enorme problema. Porque a “crise” não deixa. Porque com a troika está o contrário: matar freguesias, talvez concelhos (improvável) e já pretendem que caminhemos para as Câmaras monocolores.

Neste momento considero que os autarcas dos nossos concelhos têm de ter projetos âncora, têm, de entre eles, terem lideranças a pensar mais abrangente e os outros não considerarem o seu concelho como uma quinta  (ou quintal). E isto não retira o reconhecimento que tenho por alguns desses autarcas. Mas alguns “governa” com dinâmicas ultrapassadas, com rotinas de muitos anos. Há exceções? Há! E felizmente boas. Mas, como dizia o Presidente da concelhia do PSD da Sertã no Comarca da Sertã “Sem tibiezas é urgente repensar o INTERIOR e agir sem demora. O despovoamento não tem de ser uma fatalidade” E repensar não é só gerir a consequência do fatalismo é contribuir, com ideias inovadores.

É verdade que o conceito da grande cidade é o que mais prevalece, em Portugal e na Europa. Isto significa que, aplicar políticas que levem as pessoas a concentrarem-se (viverem) nas orlas das vilas ou cidades torna-se mais barato nos investimentos a fazer nos serviços que as autarquias têm de fornecer. A falta de vias de comunicação em anos interiores também proporcionou muito o êxodo. Hoje é tempo de tentarmos inverter a situação contrariando a crise e esta situação penosa que é ver morrer, rápida e dramaticamente as nossas freguesias e os concelhos a definharem. Com as exceções que todos conhecem.
 Luís Mateus

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