novembro 25, 2011

A guerra das almofadas

Durante a discussão do penalizante Orçamento de Estado para 2012, muito se tem falado de almofadas, mormente entre o Partido Socialista e o Governo. Seguro afirma (agora menos) constantemente que existem alternativas para se obterem os mesmos objectivos. O Governo (PSD/CDS) afirma que as alternativas apresentadas não são viáveis.  O PS anunciou, antecipadamente,  a seu sentido de voto de abstenção nas duas votações fundamentais, incluindo, naturalmente, a final. Para a imagem de Portugal na Europa e no Mundo era importante que assim fosse para demonstrar uma estabilidade política à volta dos compromissos com que o país se comprometeu entre as duas troikas: a portuguesa formada pelo PS, PSD e CDS e a europeia.
Politicamente parece ter sido importante pois deu lugar a várias referências positivas por parte de altas entidades da UE, algumas mesmo apontando este pequeno país periférico, com muito dignidade, mas expropriados por altos juros que nos cobram na dívida pública.
Podemos estar a criar condições de garantia de pagamento da nossa dívida, no prazo apertado que nos deram, mas o esforço é tremendo e arrepiante. Todos os reconhecem (até o Governo), mas parece que tem de ser assim, dizem-nos. Mas a verdade é que passámos a ser considerados “LIXO” pela agência de rating norte americana Fitch. Isto significa que Portugal, perante os “mercados” não dá já qualquer garantia de pagamento (ou pelo menos é muito perigosa a compra de dívida pública). Basta ver que, no mesmo dia , as taxas de juros subiram quase 200 pontos para os 16,59%, enquanto que,  as OT a 10 anos subiram mais de 100 pontos de base e estão agora nos 13,82%.

Os partidos PSD e CDS e os economistas da cor, acusam o PS de desgovernar o país nos últimos seis anos. “Gastou-se à “tripa forra”, como diz um economista considerado pouco simpático nas suas análises. Mas afinal não era esse o sistema implantado em todos os países da UE? Verdade que não temos os recursos como os mais ricos e que agora comandam “sem dar cavaco aos menos fortes” , mas, afinal, esse vírus chamado “crise”  também já lhes roça as unhas dos pés a países como a Itália, a Espanha, e posteriormente aos dois países do eixo franco-alemão que sentiram já dificuldade em vender títulos da sua própria dívida.

Afinal a queda dos governos não dá garantias aos mercados. Nos mesmos dias que se dão as mudanças, os juros disparam à mesma. O problema, quanto a mim, é que do outro lado do Atlântico vem um ataque tremendo à nossa à moeda europeia na defesa do seu dólar. Mas o “osso vai ser difícil de roer” porque essa situação, no momento em que a evolução no mundo é complexa e até bombástica, vai obrigar à tomada de medidas por parte de Bruxelas. É fatal. Tem de acontecer! A curto prazo veremos a  srª Merkel a ter que ceder, a fazer o que há muito se espera, especialmente dela. 

Qual é a dívida pública dos EUA? Todos vimos os problemas políticos que existiram para aprovação dos limites de endividamento com os Republicanos no Senado. E neste baralho de cartas políticas internacional há países, como a China, que deixou de ser emergente (a Europa é que os adjectivou assim), mas já não o são (a afirmam-no claramente) e navegam pelas dívidas soberanas dos países mais e menos “importantes” do mundo.
Pois é, não é só em Portugal que não existem almofadas. Toda a UE se está a habituar a trabalhar (ou a dormir) sem almofadas.

Hoje queria terminar com o seguinte apontamento:
O Ministro da Economia veio afirmar recentemente, como se sabe, que em 2012 “é o princípio do fim da crise” e nós podemos utilizar a mesma habilidade do Ministro das Finanças, quando justificou o “desvio colossal”. O que Álvaro Santos Pereira quis dizer quando afirmou que “2012 é o princípio do fim da crise”, a pa gan do “da crise” fica a frase correta, 2012 é o princípio do fim.
As respostas dos portugueses às propostas penalizadoras do OE 2012 começaram em força com a greve geral e uma enorme manifestação. Factos que o Governo não pode sequer fingir que ignora. Porque dizer (Relvas) que vamos ouvir, vamos ouvir, vamos ouvir… já não chega para calar tanta gente que foi muito mais ordeira do que eventualmente esperado. Não fossem alguns “desalinhados” das duas centrais sindicais e não haveria incidente algum.
Disso falaremos noutro momento.

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