abril 26, 2011

Proença - Tradições de Quaresma que não se devem perder

Tradições da Quaresma revividas no parque urbano
Grupos de mulheres de quatro aldeias que continuam a fazer a
Encomendação das Almas juntaram-se para cantar esta oração
"Os cânticos arrastados e tristes ouviram-se em todo o parque urbano e prédios vizinhos, trazendo às varandas pessoas que nunca tinham ouvido fazer a “Encomendação das Almas”. Perdido na maioria das povoações do concelho de Proença-a-Nova, este ritual próprio da Quaresma foi revivido sábado, nas imediações da cafetaria municipal, com a participação de grupos de mulheres que continuam, nalgumas aldeias do concelho, a perpetuar uma tradição carregada de história.

Dispostos em cinco pontos diferentes, os grupos de Atalaias, Corgas, Cunqueiros e Galisteu reproduziram o ambiente de oração que rodeia estes cânticos. Feita a altas horas da noite, à luz de frágeis candeias de azeite, a encomendação deveria ser ouvida em todas as casas das povoações, para que os moradores pudessem acompanhar e rezar em silêncio pelas “almas do Purgatório”, como explicou a vereadora Helena Mendonça.

A aldeia das Corgas é a única em que a oração continua a ser cantada, sem interrupção, todos os dias da Quaresma. As mulheres dividem-se em dois pontos da aldeia, para se fazerem ouvir. “E se alguma falta, tem de cantar sozinha em casa ou onde estiver”, explicam. Em Atalaias, pelo contrário, a tradição chegou a estar adormecida, mas foi recuperada com o envolvimento de jovens que asseguram a continuidade. As mulheres juntam-se para cantar duas vezes por semana. 

Com o despovoamento, nas aldeias de Galisteu e Cunqueiros nem sempre é fácil manter a regularidade. Antigamente nos Cunqueiros cantavam-se tanto as Almas como as Excelências, mas apenas esta última oração se manteve, com uma letra que revela diferenças marcantes em relação às preservadas pelas restantes povoações.
A encomendação, que continua a fazer-se noutros pontos do país, particularmente no interior transmontano, é um rito da piedade popular cuja origem se presume remontar ao século X. Todos os grupos do concelho de Proença são femininos, mas noutras regiões e no Brasil, onde esta tradição se mantém igualmente viva, há grupos masculinos e mistos".- CM

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