Local da Exposição: Galeria do Parque - Edifício dos Paços do Concelho
Horário:
Quarta, quinta e sexta-feira das 11:00 às 13:00 e das 14:00 às 18:00
Sábado e domingo das 14:00 às 19:00
Encerra à segunda e terça-feira
Entrada gratuita
“Bustos
e cabeças” de Rui Sanches na Barquinha
"BUSTOS E CABEÇAS "(desenhos e esculturas) é uma
exposição de Rui Sanches, um dos mais importantes escultores e desenhadores revelados
nos anos 80 do século passado, que vai estar patente ao público na Galeria do
Parque, em Vila Nova da Barquinha, entre 8 de Fevereiro e 25 de maio de 2014.
Com comissariado de João Pinharanda, esta exposição mantém a
continuidade de colaboração da Fundação EDP com o Município de Vila Nova da
Barquinha na programação da Galeria do Parque.
A exposição, constando de desenhos, mas principalmente de
esculturas de interior, como que anuncia a próxima presença de uma obra pública
da autoria de Sanches, cuja construção está prevista acompanhar a reabilitação do
castelo do Almourol, acrescentando-se assim mais uma significativa peça ao
Parque de Escultura Contemporânea Almourol.
Citam-se de seguida alguns excertos do texto do catálogo, da
autoria do comissário da mostra.
"A selecção de peças desta exposição isola um tema
recorrente na obra de Rui Sanches. (...) "O tema dos Bustos e
Cabeças recorre a uma vasta tradição histórica, ancorada na Antiguidade
Clássica e nunca abandonada nos tempos criativos posteriores." "Como
tema cultural, os bustos e as cabeças resultam do generalizado interesse pela
representação humana (...) ou pela humanização da representação divina (...).
"Rui Sanches refere esta longa tradição. Porém, de modo algum podemos
falar de retrato na sua obra". (...) "Negando todo o realismo ou
naturalismo e todo o idealismo o trabalho de Rui Sanches garante-se numa
dimensão abstractizante, estrutural e formal."
As suas esculturas vivem de uma forte tensão plástica e
dramatismo discursivo. Esta tensão dramática advém dos vários caminhos tomados.
Advém dos jogos de duplicação das cabeças (...) e da associação das cabeças com
outras formas (...); advém da associação dos múltiplos materiais (bronzes,
contraplacados, espelhos, ferro, por exemplo) usados numa mesma obra; advém da
propositada indecisão de escala e estatuto das peças (...); finalmente, advém
do modo como as obras se desconstroem dentro de si mesmas.
(...)
"No caso das esculturas apresentadas, uma única resulta
de encomenda com vocação celebrativa, introduzindo assim uma dimensão simbólica
que se nega nas restantes peças. Em 2010, centenário da implantação da
República portuguesa, Rui Sanches criou uma nova representação dessa figura
simbólica da retórica revolucionária republicana. (...) Todas as outras
peças apresentadas podem ter sido vistas como anti-monumentos. Pensadas ou não
como maquetas de peças maiores, a todas cabe questionar, desde seu interior, a
pertinência da vocação comemorativa e celebrativa da escultura, as
possibilidades actuais da representação figurativa, as suas modalidades de
relação com a abstracção."
(...)
"Perante a possibilidade de exaltação da memória e do
heroísmo, Rui Sanches prefere o anonimato e a desconstrução. (...) Sanches
está, simultaneamente, a assinalar e a integrar o discurso anti-monumental da
arte contemporânea, a revelar as fontes do seu niilismo, a negar a ilustração
como destino para a arte actual e a afirmar a sua exigente vocação intelectual
e democrática."
João Pinharanda
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