janeiro 13, 2014

Janeiras cantadas em Proença. A tradição mantém-se

O ritmo e os costumes à volta dos cânticos variam, mas a persistência dos cantadores que há décadas mantêm vivo o cantar das Janeiras é o denominador comum que juntou em Proença-a-Nova, no último sábado, seis grupos de aldeias do concelho. Num percurso dinâmico, entre a Igreja Matriz e o parque urbano, Alvito da Beira, Caniçal e Vale da Carreira, Corgas, Cunqueiros, Pergulho e São Pedro do Esteval participaram num encontro promovido para dar a conhecer esta tradição e proporcionar o convívio entre os janeireiros.

Enquanto alguns grupos são mistos, noutros a participação é exclusivamente masculina, provavelmente devido à dureza que, no passado, rodeava esta prática: muitos grupos percorriam diversas aldeias ou mesmo toda a freguesia (como é o caso em São Pedro do Esteval), o que implicava fazer vários quilómetros a pé, atravessando ribeiras, com sacos de batatas e cereais às costas. Apenas o grupo do Alvito é constituído só por mulheres, embora essa prática tenha sido recente, dado que os homens deixaram de cantar e não quiseram deixar cair a tradição.


Outra característica curiosa prende-se com a organização dos janeireiros, que em diversas localidades se subdividem em dois grupos, aos quais é dada a designação de “pernas”. As duas “pernas” cantam alternadamente, uma lançando o mote e a outra em resposta. A proximidade entre as aldeias do Caniçal e Pergulho explica que partilhem uma música idêntica, embora com variações na letra. A tradição oral confirma, em ambos os casos, que as Janeiras se cantam sem alterações há pelo menos cerca de um século.

Conscientes da importância de preservar costumes, os cantadores quiseram saber o que muda de terra para terra. Os Cunqueiros apresentaram um texto explicativo que incluía pormenores como o cumprimento feito à chegada a cada casa: “Dá esmola para as almas, se quiser ou puder, quer que se cante?”. O enquadramento religioso era comum a todos os cânticos e por norma as receitas eram usadas para mandar celebrar missas pelas almas dos defuntos da aldeia.

No sábado também o Agrupamento de Escuteiros pediu as Janeiras nas ruas da vila e pelo concelho são diversas as instituições e associações que mantém este ritual, como forma de angariação de verbas. Grupo Coral de Proença-a-Nova, grupos de danças e cantares e associações de Casais e Maljoga são alguns destes exemplos.

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