Durante a discussão do penalizante Orçamento de Estado para 2012,
muito se tem falado de almofadas, mormente entre o Partido Socialista e o
Governo. Seguro afirma (agora menos) constantemente que existem alternativas
para se obterem os mesmos objectivos. O Governo (PSD/CDS) afirma que as
alternativas apresentadas não são viáveis.
O PS anunciou, antecipadamente, a seu sentido de voto de abstenção nas
duas votações fundamentais, incluindo, naturalmente, a final. Para a imagem de
Portugal na Europa e no Mundo era importante que assim fosse para demonstrar
uma estabilidade política à volta dos compromissos com que o país se
comprometeu entre as duas troikas: a
portuguesa formada pelo PS, PSD e CDS e a europeia.
Politicamente parece ter sido importante pois deu lugar a várias
referências positivas por parte de altas entidades da UE, algumas mesmo
apontando este pequeno país periférico, com muito dignidade, mas expropriados
por altos juros que nos cobram na dívida pública.
Podemos estar a criar condições de garantia de pagamento da nossa
dívida, no prazo apertado que nos deram, mas o esforço é tremendo e arrepiante.
Todos os reconhecem (até o Governo), mas parece que tem de ser assim,
dizem-nos. Mas a verdade é que passámos a ser considerados “LIXO” pela agência
de rating norte americana Fitch. Isto significa que Portugal, perante os
“mercados” não dá já qualquer garantia de pagamento (ou pelo menos é muito
perigosa a compra de dívida pública). Basta ver que, no mesmo dia , as taxas de
juros subiram quase 200 pontos para os 16,59%, enquanto que, as OT a 10 anos subiram mais de 100 pontos de
base e estão agora nos 13,82%.
Os partidos PSD e CDS e os economistas da cor, acusam o PS de
desgovernar o país nos últimos seis anos. “Gastou-se à “tripa forra”, como diz
um economista considerado pouco simpático nas suas análises. Mas afinal não era
esse o sistema implantado em todos os países da UE? Verdade que não temos os
recursos como os mais ricos e que agora comandam “sem dar cavaco aos menos
fortes” , mas, afinal, esse vírus chamado “crise” também já lhes roça as unhas dos pés a países
como a Itália, a Espanha, e posteriormente aos dois países do eixo
franco-alemão que sentiram já dificuldade em vender títulos da sua própria
dívida.
Afinal a queda dos governos não dá garantias aos mercados. Nos
mesmos dias que se dão as mudanças, os juros disparam à mesma. O problema,
quanto a mim, é que do outro lado do Atlântico vem um ataque tremendo à nossa à
moeda europeia na defesa do seu dólar. Mas o “osso vai ser difícil de roer”
porque essa situação, no momento em que a evolução no mundo é complexa e até
bombástica, vai obrigar à tomada de medidas por parte de Bruxelas. É fatal. Tem
de acontecer! A curto prazo veremos a srª
Merkel a ter que ceder, a fazer o que há muito se espera, especialmente dela.
Qual é a dívida pública dos EUA? Todos vimos os problemas
políticos que existiram para aprovação dos limites de endividamento com os
Republicanos no Senado. E neste baralho de cartas políticas internacional há
países, como a China, que deixou de ser emergente (a Europa é que os adjectivou
assim), mas já não o são (a afirmam-no claramente) e navegam pelas dívidas
soberanas dos países mais e menos “importantes” do mundo.
Pois é, não é só em Portugal que não existem almofadas. Toda a UE
se está a habituar a trabalhar (ou a dormir) sem almofadas.
Hoje queria terminar com o seguinte apontamento:
O Ministro da Economia veio afirmar recentemente, como se sabe,
que em 2012 “é o princípio do fim da crise” e nós podemos utilizar a mesma
habilidade do Ministro das Finanças, quando justificou o “desvio colossal”. O
que Álvaro Santos Pereira quis dizer quando afirmou que “2012 é o princípio do
fim da crise”, a pa gan do “da
crise” fica a frase correta, 2012 é o princípio do fim.
As respostas dos portugueses às propostas penalizadoras do OE 2012
começaram em força com a greve geral e uma enorme manifestação. Factos que o
Governo não pode sequer fingir que ignora. Porque dizer (Relvas) que vamos
ouvir, vamos ouvir, vamos ouvir… já não chega para calar tanta gente que foi
muito mais ordeira do que eventualmente esperado. Não fossem alguns
“desalinhados” das duas centrais sindicais e não haveria incidente algum.
Disso falaremos noutro momento.
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