Não tem número de eleitor...
Ainda há relativamente pouco meses fui tirar o cartão de cidadão, porque o meu BI tinha de ser renovado. Perguntei então a que serviços dava acesso o cartão em que coloquei imensas esperanças. Como outros, julguei que ele me livraria do monte de cartões que tenho na carteira. No meu dia-a-dia verifiquei que, em Centros de Saúde e Hospitais resultou lindamente, mas somente para que o pessoal dos secretariados abrisse no computador, automaticamente o meu
processo, mas somente ali naquela Unidade, porque a minha longa cardápio de doenças e intervenções cirúrgicas, nada. Somente me dizem: o sr. É diabético, certo? (mas percebi que isso é só para pagar, ou não, a taxa moderadora). Conclusão: no cartão não constam informações importantíssimas para que, ao sermos atendidos em qualquer hospital ou Centro, os médicos, ou técnicos ficassem logo a saber doença crónicas, que tipo de alergias conhecidas, medicamentos que o doente jamais deve deixar de tomar isto só para exemplo. Sabe-se que isso tem a ver com a privacidade e a necessidade de preservar o acesso a dados que não é aconselhável serem divulgados. Mas eu coloco-me do lado dos que preferem que outros saibam tudo sobre mim do que sofrer com a falta de informação médica.
Eu dava o meu exemplo, como o de familiares meus. Eu dava exemplos de gente idosa que nem percebe nada de medicamentos e só se refere a eles pelas cores (ou mesmo nem se refere). Mas o objectivo desta minha intervenção é voltar ao fato de que, quando tiramos o cartão de cidadão, o número de eleitor muda. Muda mas não ficamos a saber nada sobre essa matéria. Possivelmente será bom mudar para que, futuramente, se utilize então já este cartão. Será? A verdade é que nestas eleições Presidenciais gerou-se uma autêntica confusão para as pessoas que tinham já cartão de cidadão. Vi reportagens a mostrar situações completamente lamentáveis. Se influenciou os resultados, até sou daqueles que acho que isso não foi o mais grave para os candidatos. Porém, no aumento da abstenção deve ter tido impacto. Mas eu não me queixo. Cheguei, mais minha esposa junto à mesa com o cartão de eleitor e o Presidente da Mesa não encontrava no caderno eleitoral os nossos números nem nomes. Perguntou-nos se tínhamos recentemente tirado o cartão de cidadão e imediatamente puxou de um caderno onde os escrutinadores verificaram que números tínhamos nós agora. Passaram-nos um papel com os novos números e logo a mesa onde deveríamos usar o nosso direito de votar.
É claro que parecíamos baratas tontas à procura dessa Mesa, pois a votação efectuava-se numa escola do 1º ciclo com diversos edifícios e todas as salas ocupadas. Mas votámos. É que, sair de Oleiros com alguma antecedência para poder votar e depois não poder usar esse meu direito devido à burocracia… era de mais!
Quando à noite comecei a ver que o problema era maior do que foi para mim fiquei a pensar: Mas se o meu Presidente de Mesa tinha um caderno com todas as indicações porque não aconteceu o mesmo com todos os outros? Eu imagino que aqui pode ter havido mão do autarca (ou autarcas) responsável para que tudo nos fosse facilitado. Mas estou no grupo dos milhares de eleitores que, por terem o cartão de cidadão não sentiram que o SIMPLEX (ou COMPLEX) nos ajudasse. Em resumo, um cartão que para pouco interessa neste momento. Há culpados. A DGAI (Direcção-Geral de Administração Interna)?
Enquanto o cartãozinho não incluir mais dados (números de outros cartões), filiação etc, para que nos simplifique a vida e os Serviços Públicos é o mesmo que fornecer computadores a professores e eles nunca os usarem nas salas de aulas. Enfim, não sendo dos que pedem a cabeça do Ministro, peço, pelo menos, profundas responsabilidades a quem está pago para pensar e criar um cartão que mostre efectivamente as suas vantagens quando o podemos (ou devemos) usar.
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