A iniciar um ciclo de tertúlias comemorativas dos 40 anos do 25 de
abril, cerca de três dezenas de pessoas discutiram, na quinta-feira
passada, o contributo dos movimentos estudantis para a viragem
democrática. António Manuel Silva, professor de História que viveu os
anos de 1972 e seguintes na Universidade de Lisboa, moderou um serão
feito de memórias, acompanhadas do enquadramento histórico sobre a
evolução política e económica do país entre 1933 e 1975.
Coube ao vereador da cultura, João Manso, fazer a apresentação da
iniciativa, que além de celebrar a revolução recupera um antigo hábito
de organização regular de tertúlias no âmbito da comunidade escolar
local. Procurou-se recriar, no bar do Hotel das Amoras, um ambiente de
proximidade que permitisse a participação dos presentes. O objetivo foi
conseguido, com um leque alargado de intervenções e questões.
António Manuel Silva recordou que a chegada a Lisboa, a 10 de outubro
de 1972, coincidiu com um período de turbulência no meio académico.
Apenas dois dias depois, a 12 de outubro, um colega foi morto pela PIDE
numa reunião de estudantes e “a academia entrou em polvorosa”. Educado
“na escola maoista”, participou depois na distribuição de propaganda –
panfletos fotocopiados e distribuídos entre colegas, em greves e
manifestações.
Como grande parte da população que estava em Lisboa, também o então
estudante universitário foi para as ruas a 25 de abril e durante três
dias não pôs os pés em casa. “Vi o 25, o 26 e o 27 de abril”, brincou.
As disparidades entre o litoral e o interior do país, as diferentes
forças ideológicas em disputa e o contexto cultural que justificava a
falta de consciência política de grande parte da população foram alguns
dos tópicos focados durante o serão. O próximo tema, a 20 de março, irá
centrar-se nos dias da revolução e a forma como foram vividos em
Proença-a-Nova.
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