E QUEM SABE, SABE
TRATA-SE DE UM MÉTODO INOVADOR
Falar em árvores inoculadas com um
fungo micorrízico pode parecer algo estranho ou difícil de perceber, mas
de certeza que entende de imediato o que está em causa traduzindo por
miúdos: ontem e hoje estão a ser plantadas num terreno municipal cerca
de 800 árvores com cogumelos “injetados” nas raízes, no âmbito de um
projeto de investigação desenvolvido pela Universidade Católica do
Porto, que conta com o apoio do Centro Ciência Viva da Floresta e da
Câmara de Proença-a-Nova.
Qual o objetivo desta técnica? Albina Franco, uma das investigadoras
que integra a equipa, explica que os fungos formam “como que uma
armadura à volta das raízes”, contribuindo para prevenir possíveis
pragas. Outra das vantagens é o facto de penetrarem o solo à procura de
água, sendo importantes para o crescimento mais saudável e rápido da
floresta em locais com alguma escassez de água ou em solos pobres devido
a incêndios ou abuso de pesticidas.
Das 800 árvores plantadas, cerca de 500 são pinheiros bravos e 300
sobreiros. Os primeiros foram inoculados com cogumelos não comestíveis,
enquanto nos sobreiros a espécie escolhida é adequada para consumo
humano. Como destaca Albina Franco, esta técnica promove a
biodiversidade e pode contribuir também para a maior rentabilidade da
floresta, permitindo em simultâneo o aproveitamento dos cogumelos e da
madeira.
Coordenado por Paula Castro, o projeto está em curso desde 2004 e a
plantação mais antiga foi feita no ano seguinte, na Serra da Cabreira.
Desde então têm vindo a ser monitorizados resultados, tanto ao nível da
resistência dos fungos como do desenvolvimento das árvores. “Embora
ainda seja cedo, temos já alguns indicadores que apontam para um aumento
do ritmo de crescimento das árvores”, conclui Albina Franco.
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